No ano de 2023, presenciamos o impacto generalizado da inteligência artificial (IA) e das IAs generativas, que transformaram significativamente a forma como trabalhamos, estudamos e nos comunicamos.

Esse avanço das inteligências artificiais continua em curso e a tendência é que persista em 2024. Estamos vivendo uma fase de descoberta dessas novas funcionalidades e alguns estudiosos acreditam que estamos testemunhando uma disrupção semelhante àquela causada pelo lançamento do primeiro iPhone ou pelas mudanças trazidas pela Netflix.

Além disso, em 2023, compreendemos ainda mais a importância dos dados dentro das empresas, termos como “cultura de dados”, “cultura data-driven” e “democratização de dados” se popularizaram. Esses conceitos não serão deixados de lado tão cedo, especialmente porque as próprias IAs generativas dependem da alimentação de dados.

Nesse sentido, podemos esperar ouvir falar mais sobre as evoluções dessas tecnologias em 2024. Analisando as principais tendências apresentadas pelo Gartner, podemos entender e nos preparar para o que está por vir.

Aqui estão cinco tecnologias que serão amplamente comentadas no próximo ano e que estarão de alguma forma relacionadas às tecnologias usadas em 2023.

01 – Inteligência Artificial: 

Neste ano, presenciamos a massificação da utilização de inteligência artificial. Essa disseminação resultou em uma corrida intensa para a aplicação dessa tecnologia nos mais diversos setores. Nesse contexto, as pessoas começaram a utilizar IAs para realizar tarefas do dia a dia, como a criação de textos, verificação ortográfica e esclarecimento de dúvidas em geral.

No entanto, o que foi observado por diversos usuários foi a inconsistência de algumas informações ou alguns erros relacionados à localização temporal da plataforma. Isso ocorreu em grande parte devido ao fato de o conhecimento da inteligência artificial ser limitado até o ano de 2022. A estratégia para solucionar esse problema surgiu recentemente com o lançamento de atualizações e versões monetizadas das inteligências artificiais.

Entretanto, essas mudanças e erros levantaram dúvidas sobre a real confiabilidade de uma inteligência artificial, seja ela um ChatGPT ou uma inteligência artificial utilizada internamente por uma empresa.

Para o próximo ano, o Gartner aponta o uso de modelos de governança conhecidos como AI TRiSM (AI Trust, Risk and Security Management ou, em português, Gestão de Confiança, Risco e Segurança de Inteligência Artificial). Esse sistema visa prevenir ataques cibernéticos e realizar a verificação de informações de maneira mais eficiente.

O TRiSM de IA abrange estratégias e métodos para a interpretação e explicação de modelos, identificação de anomalias em dados e conteúdos, salvaguarda dos dados de Inteligência Artificial, gerenciamento de operações de modelo e resistência contra potenciais ataques.

Essa solução em governança de inteligência artificial se faz necessária para que o uso de IAs generativas seja mais difundido, utilizado e principalmente para que as inteligências artificiais façam parte cada vez mais do nosso dia a dia.

02 – Tecnologias sustentáveis 

Com o avanço das inteligências artificiais, testemunhamos o progresso da tecnologia como um todo. No entanto, esses avanços e mudanças não se restringem somente ao setor de tecnologia. Atualmente, as filosofias de ESG são amplamente discutidas em diversas indústrias e empresas como um todo.

Nesse contexto, soluções tecnológicas que ajudem a medir os avanços das políticas de ESG, baseadas na preservação ecológica e nos direitos humanos, estarão em alta no próximo ano. Essa nova abordagem está diretamente relacionada às previsões do Gartner, que indicam que até 2027, 25% dos CIOs terão parte de seus salários vinculada ao impacto ambiental gerado.

Por fim, é importante ressaltar que, embora as mudanças sejam significativas e positivas para as empresas, estas alterações de cultura não acontecem da noite para o dia, já que impactam diretamente a empresa como um todo. Nesse sentido, o Gartner apresenta uma série de medidas que podem ser adotadas para impulsionar mudanças dentro das equipes, como tecnologias que auxiliem a promover a sustentabilidade em seus setores e que sejam identificadas como prioritárias para a empresa.

03 – Gestão contínua de exposição de ameaça 

Outro ponto crucial é a relação que as empresas estão desenvolvendo com tecnologias e sistemas de contenção de ameaças, conhecidos popularmente como ciberataques. Nesse sentido, a gestão contínua de exposição a ameaças, mais conhecida como CTEM (Continuous Threat Exposure Management) e é fundamental para prever e conter possíveis danos.

A ideia por trás desse modelo de segurança é que as empresas sejam continuamente expostas às maiores ameaças à sua segurança. Isso permite que elas se antecipem, identifiquem lacunas de segurança, treinem seus colaboradores e estabeleçam métricas de prioridade quando um ataque real ocorrer.

Essa estrutura de segurança foi apresentada pelo Gartner em julho de 2022 e está diretamente relacionada às mudanças em cibersegurança que ocorrerão em 2024. Além disso, de acordo com o próprio Gartner, empresas que estruturam seus modelos de segurança com práticas CTEM têm uma redução de dois terços nos problemas de ciberataques.

Por fim, segundo o Gartner, os benefícios da implementação de práticas CTEM superam os riscos, uma vez que diversos componentes são testados e vários pontos de atenção são revelados.

04 – Aplicações inteligentes 

Retornando ao cenário de inteligência artificial, o Gartner prevê um aumento significativo de mais de 30% nos aplicativos que produzem interfaces personalizadas e adaptáveis por meio de inteligência artificial nos próximos anos.

Nesse sentido, se tornará cada vez mais comum que as empresas dependam de aplicações conectadas a fontes externas de informações e diversas fontes de dados.

A ideia subjacente aos aplicativos que utilizam inteligência artificial para se reinventar está na direção de termos aplicações cada vez mais flexíveis de acordo com as necessidades do cliente. Em contrapartida, teremos dados cada vez mais interessantes sobre o usuário. O Gartner ainda sugere a possibilidade de as inteligências artificiais fornecer às empresas relatórios cada vez mais abrangentes sobre o estilo de vida do usuário e sugerir insights de melhorias.

Por fim, é essencial que as equipes monitorem as várias inteligências artificiais disponíveis no mercado, avaliando a profundidade e complexidade de suas capacidades. Além disso, é crucial realizar uma avaliação cuidadosa de cada passo tomado, mensurando a efetividade das mudanças. Essa abordagem permitirá que as empresas se destaquem frente aos concorrentes, proporcionando não apenas inovação, mas também produtos de alta qualidade que atendam às expectativas do consumidor final.

05 – Democratização ainda maior das IAs 

Finalmente, ao longo deste ano, testemunhamos uma expansão exponencial no uso de IAs generativas. No entanto, nem todos os setores das empresas podem contar com inteligências artificiais em sua rotina diária.

O Gartner aponta para uma expansão ainda maior das inteligências artificiais, concentrando-se principalmente na democratização das informações. Esse avanço torna-se ainda mais crucial para empresas multinacionais, que lidam com dados em diversas línguas e locais.

A proposta é que as empresas adotem e treinem seus funcionários para entender e incorporar as inteligências artificiais como parte integrante de seu trabalho, proporcionando uma fonte de maior produtividade, especialmente em tarefas rotineiras. Além disso, é fundamental avaliar o retorno sobre investimento que as inteligências artificiais podem trazer para as empresas quando amplamente utilizadas.

Conclusão 

É notável que, apesar de todo o desenvolvimento alcançado em 2023, a tendência é que as mudanças continuem e que o aperfeiçoamento de plataformas já em uso se intensifique.

Parece evidente que as inteligências artificiais vieram para ficar, prometendo agilizar tarefas cotidianas e liberar tempo para focar em ações mais estratégicas. Isso se aplica a áreas como TI, comercial, finanças e marketing, onde a expectativa é que estas tecnologias se tornem ainda mais presentes e integradas ao nosso dia a dia.

Essa perspectiva é reforçada não apenas por análises da Gartner, mas também pelas tendências de mercado que apontam nessa direção.